O Ibovespa recua 3,5% hoje, pressionado por bolsas globais, enquanto o dólar sobe a R$ 5,92, refletindo o medo de recessão nos EUA após tarifas de Trump.
Desempenho da Bolsa de Valores Hoje
O Ibovespa, principal índice da B3, enfrenta um dia de forte volatilidade nesta segunda-feira, 7 de abril de 2025. Por volta das 11h30, horário de Brasília, o índice registrava queda de 3,5%, situando-se em 126.800 pontos, após atingir a mínima de 125.900 pontos no início do pregão. A desvalorização acompanha o movimento das bolsas mundiais, que reagem ao agravamento das tensões comerciais desencadeadas pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A incerteza global, aliada a previsões de recessão, tem gerado uma fuga de investidores de ativos de risco, impactando diretamente o mercado brasileiro.
A bolsa de valores hoje reflete um cenário de pessimismo generalizado. Ações de empresas como a Petrobras (PETR4), que caíram 4,2%, e a Vale (VALE3), com recuo de 3,8%, lideram as perdas no índice. Esses papéis, sensíveis às oscilações das commodities, sofrem com a queda nos preços do petróleo e do minério de ferro, agravada pelo temor de uma desaceleração econômica global. Bancos como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) também operam em baixa, com perdas de 2,5% e 2,7%, respectivamente, evidenciando a pressão sobre setores expostos à economia doméstica e internacional.

Escalada do Dólar e Reação do Mercado Cambial
O dólar comercial atingiu R$ 5,92 às 11h45 desta segunda-feira, marcando uma alta de 3,9% em relação ao fechamento de sexta-feira, quando estava cotado a R$ 5,70. A valorização da moeda norte-americana ocorre em um contexto de busca por segurança por parte dos investidores, que migram para ativos considerados mais estáveis diante das incertezas globais. A retaliação da China às tarifas de Trump, com a imposição de taxas de 34% sobre produtos dos EUA, intensificou os receios de uma guerra comercial de proporções históricas, elevando a volatilidade no mercado cambial.
Analistas apontam que o real enfrenta uma dupla pressão: além do cenário externo, fatores domésticos como a expectativa de aumento da taxa Selic pelo Banco Central contribuem para a depreciação da moeda. Segundo Fernando Ferreira, estrategista da XP Investimentos, “o mercado já precifica uma recessão nos EUA, com impacto direto nas exportações brasileiras”. A mínima do dólar hoje foi de R$ 5,85, mas a tendência de alta persiste, com projeções indicando que a cotação pode superar R$ 6,00 caso as tensões comerciais se agravem ainda mais nos próximos dias.
Impacto nas Bolsas Globais e o S&P 500
Nos Estados Unidos, o S&P 500 registra uma das piores performances dos últimos anos. Até o meio-dia desta segunda-feira, o índice acumulava queda de 5,8%, negociado a 5.070 pontos, após despencar 6% na sexta-feira. A Nasdaq, com forte peso de empresas de tecnologia, entrou oficialmente em “bear market”, com perdas superiores a 20% desde seu pico em dezembro de 2024. O Dow Jones, por sua vez, recuava 5,5%, refletindo o pânico que tomou conta de Wall Street após o anúncio das tarifas americanas e a resposta chinesa.
A Europa e a Ásia também sentem os efeitos. As principais bolsas europeias, como Londres (-4,1%), Frankfurt (-4,5%) e Paris (-4,8%), operam em forte baixa, enquanto na Ásia, Hong Kong (-13,2%) e Tóquio (-7,8%) registraram quedas históricas na sessão anterior. O S&P500, referência global, é pressionado por gigantes da tecnologia como Apple (-9,5%) e Amazon (-8,7%), cujas cadeias de suprimentos dependem fortemente de importações asiáticas agora sobretaxadas. Esse cenário reforça a percepção de que uma recessão global pode estar mais próxima do que o esperado.
Petrobras e o efeito das commodities
A Petrobras, representada pela ação PETR4, enfrenta um momento delicado. O petróleo Brent caiu 3,2% hoje, cotado a US$ 65,40 por barril, acumulando perdas de 10% na semana. A perspectiva de menor demanda global, somada ao aumento da oferta pela Opep+, pressiona os preços da commodity, impactando diretamente a estatal brasileira. No pré-mercado de Nova York, os papéis da Petrobras negociados como ADRs (American Depositary Receipts) recuaram 5%, sinalizando um dia desafiador na B3.
A empresa, que anunciou um reajuste de 5% no diesel há sete dias, pode rever sua política de preços caso a tendência de queda do petróleo se mantenha. Especialistas sugerem que a Petrobras precisa equilibrar a geração de caixa com a manutenção de dividendos atrativos, especialmente em um cenário de desvalorização do real. Para investidores, a volatilidade da B3 exige cautela, mas também abre oportunidades em papéis defensivos, como os de utilities, que resistem melhor às turbulências.
Contexto das tarifas e risco de recessão
O chamado “tarifaço” de Trump, anunciado na semana passada, impõe taxas de 10% a 46% sobre importações de diversos países, com destaque para China (34%), Vietnã (46%) e União Europeia (20%). A medida, apelidada de “Dia da Libertação” pelo presidente americano, visa proteger a indústria local, mas desencadeou uma onda de retaliações. A China, maior parceira comercial dos EUA, respondeu com tarifas equivalentes e restrições à exportação de terras raras, essenciais para a produção de tecnologia. Esse embate elevou as projeções de recessão nos EUA de 45% para 60%, segundo o Goldman Sachs e o J.P. Morgan, respectivamente.
No Brasil, o impacto é ambíguo. Embora o país enfrente uma tarifa mínima de 10%, analistas veem potencial para ganhos de mercado em exportações, especialmente de commodities agrícolas, caso os fluxos comerciais globais sejam redirecionados. Contudo, a dependência de exportações para a China e os EUA mantém o Ibovespa vulnerável. A Comissão Europeia, por sua vez, prepara contramedidas a serem votadas em 9 de abril, com vigência prevista para o dia 15, o que pode prolongar a instabilidade nas bolsas mundiais.
Estratégias para investidores em meio à crise
Diante da turbulência atual, especialistas recomendam estratégias defensivas para proteger o patrimônio. Ativos atrelados ao dólar, como fundos cambiais e ETFs ligados ao S&P 500, ganham destaque em momentos de aversão ao risco. No mercado acionário brasileiro, papéis de empresas exportadoras menos expostas às tarifas, como Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3), podem oferecer resiliência. Por outro lado, ações de tecnologia e varejo, mais sensíveis às oscilações globais, exigem maior cautela.
Para quem opera na B3, diversificar entre renda fixa e variável é uma alternativa viável. Títulos públicos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+, proporcionam segurança, enquanto fundos imobiliários de logística podem se beneficiar de uma eventual reconfiguração das cadeias de suprimentos. “O investidor deve monitorar os suportes técnicos do Ibovespa, como os 125 mil pontos, e ajustar posições conforme o cenário evolui”, aconselha Ana Ribeiro, analista da Toro Investimentos.
Perspectivas para os próximos Dias
A semana promete ser decisiva para os mercados. Na quarta-feira, 9 de abril, a União Europeia votará suas contramedidas, enquanto o governo americano pode detalhar novas etapas do plano tarifário. No Brasil, o Boletim Focus, divulgado hoje, elevou a projeção do IPCA para 4,8% em 2025, refletindo pressões inflacionárias do câmbio e dos alimentos. O Copom, que se reúne nos dias 15 e 16, pode sinalizar um novo aumento da Selic, atualmente em 14,25%, para conter a alta do dólar.
Globalmente, o S&P 500 testa suportes críticos em 5.000 pontos, e uma ruptura desse nível pode acelerar as vendas. O índice VIX, conhecido como “termômetro do medo”, atingiu 50 pontos na sexta-feira, o maior nível desde 2020, indicando uma volatilidade persistente. Para o Brasil, a manutenção do fluxo de capitais estrangeiros será crucial, especialmente se o país conseguir se posicionar como alternativa em um mercado global reconfigurado pelas tarifas.
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A queda acentuada do Ibovespa e a disparada do dólar nesta segunda-feira refletem a fragilidade dos mercados diante de um cenário global marcado por incertezas. As tarifas de Trump, somadas às respostas de potências como a China e a União Europeia, colocam em xeque o crescimento econômico mundial, com reflexos diretos na bolsa de valores hoje. Enquanto os investidores buscam refúgio em ativos seguros, o Brasil enfrenta o desafio de equilibrar sua exposição externa com a resiliência doméstica. Os próximos dias serão fundamentais para definir se o pânico atual dará lugar a uma estabilização ou a uma crise mais profunda, exigindo atenção redobrada de quem opera na B3 e acompanha o S&P500.
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