Criminosos estilo cangaço e armados atacaram Guaxupé na madrugada de 08/04, explodindo uma agência bancária e disparando na Polícia Militar
Detalhes do Ataque em Guaxupé
Na madrugada desta terça-feira, 8 de abril de 2025, a cidade de Guaxupé, localizada no Sul de Minas Gerais, foi palco de uma ação criminosa de alta organização. Por volta das 2h, um grupo fortemente armado invadiu o município, utilizando táticas associadas ao chamado novo cangaço. Os assaltantes explodiram uma agência da Caixa Econômica Federal no centro da cidade e abriram fogo contra o quartel da Polícia Militar, deixando a população em estado de choque. O ataque, que durou cerca de 40 minutos, acordou os moradores com o som de explosões e disparos intensos, marcando um dos episódios mais violentos registrados na região nos últimos anos.

Segundo informações preliminares da Polícia Militar, pelo menos 15 criminosos participaram da ação, chegando em cinco veículos, incluindo picapes de grande porte. Eles bloquearam as principais vias de acesso ao centro de Guaxupé, como a Avenida Dona Floriana e a Rua Major Anacleto, utilizando pneus incendiados e os chamados “miguelitos” – pregos retorcidos jogados nas ruas para dificultar a perseguição policial. A agência bancária atacada ficou parcialmente destruída, com vidros estilhaçados e danos estruturais causados pelas explosões, enquanto o quartel da PM sofreu impactos de disparos de fuzis em sua fachada.
Reação da Polícia e Vítimas do Confronto
A resposta da Polícia Militar foi imediata, mas os criminosos, equipados com armamento pesado, como fuzis calibre 7.62 e metralhadoras, dificultaram a ação inicial dos agentes. Durante o confronto, dois policiais foram baleados – um no braço e outro na perna – e encaminhados ao Hospital Santa Casa de Guaxupé. Ambos passam por atendimento médico e, até o momento, não correm risco de morte, conforme informou a corporação em nota oficial às 6h desta manhã. Além disso, um morador que transitava próximo ao local do ataque foi atingido por estilhaços e também recebeu cuidados hospitalares, com quadro de saúde estável.
A intensidade do tiroteio foi registrada por moradores em vídeos que circulam nas redes sociais, mostrando o barulho ensurdecedor dos disparos e o pânico generalizado. “Parecia um filme de guerra. Acordei com as explosões e os tiros, não sabia o que estava acontecendo”, relatou João Silva, residente da Rua Capitão João Evangelista, a poucos quarteirões do centro. A ação contra o quartel da PM visava, segundo especialistas, imobilizar a força policial local enquanto o grupo executava o assalto à agência da Caixa, uma estratégia típica do gangaço em Guaxupé.
O Modus Operandi do Novo Cangaço
O termo “novo cangaço” refere-se a uma modalidade de crime que remete às ações dos bandos armados do sertão nordestino no início do século XX, mas adaptada ao contexto atual. Esses grupos, geralmente compostos por criminosos experientes, utilizam armamento de guerra, explosivos e táticas de guerrilha urbana para atacar cidades de pequeno e médio porte, como Guaxupe. Diferentemente dos cangaceiros históricos, que muitas vezes tinham motivações sociais, o novo cangaço é movido exclusivamente por fins lucrativos, com foco em roubos a bancos e transportadoras de valores.

Em Guaxupé, os assaltantes seguiram um roteiro conhecido: chegaram em comboio, dividiram-se em dois grupos – um para explodir a agência e outro para conter a polícia – e usaram a escuridão da madrugada para maximizar o impacto. A Caixa Econômica Federal informou que ainda avalia se os criminosos conseguiram acessar o cofre principal, mas fontes policiais indicam que o grupo fugiu com uma quantia significativa em dinheiro, possivelmente na casa de centenas de milhares de reais. A violência empregada, incluindo o uso de explosivos caseiros e disparos contra alvos estratégicos, reflete o padrão agressivo desse tipo de crime, que tem crescido em regiões interioranas do Brasil.
Impacto na População e Medidas de Segurança
O ataque deixou Guaxupé, uma cidade pacata de aproximadamente 52 mil habitantes, em estado de alerta. A prefeitura, em comunicado oficial às 5h30, pediu que os moradores permanecessem em casa e evitassem circular pelas ruas até que a situação fosse controlada. Escolas municipais suspenderam as aulas desta terça-feira, e o comércio local, especialmente na região central, deve operar com restrições devido ao perímetro de segurança estabelecido pelas autoridades. “Estamos oferecendo todo o suporte às forças de segurança para restabelecer a ordem”, declarou o prefeito José Antônio Costa em nota.
A Polícia Militar reforçou o efetivo na cidade com apoio do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) de Belo Horizonte, que chegou ao local por volta das 6h para auxiliar nas buscas pelos suspeitos. A Polícia Civil, por sua vez, já iniciou as investigações, coletando imagens de câmeras de segurança e vestígios deixados no local, como cápsulas de munição e fragmentos de explosivos. A presença de miguelitos nas vias sugere que os criminosos planejaram uma rota de fuga em direção à BR-146, que liga Guaxupé a outras cidades da região, como Alfenas e Poços de Caldas.
Histórico de Ataques na Região Sul de Minas
O Sul de Minas Gerais não é estranho a ações do novo cangaço. Em junho de 2022, a cidade de Itajubá viveu um episódio semelhante, quando criminosos armados atacaram uma agência da Caixa Econômica Federal e o quartel da PM, deixando cinco feridos. Na ocasião, o grupo também usou explosivos e fuzis, fugindo em direção à divisa com São Paulo. Outro caso marcante ocorreu em Extrema, em 2021, onde uma quadrilha explodiu caixas eletrônicos e trocou tiros com a polícia, resultando na morte de dois suspeitos. Esses eventos evidenciam a vulnerabilidade de cidades menores, que muitas vezes possuem efetivos policiais limitados diante da sofisticação desses bandos.
Em Guaxupé, a proximidade com a Rodovia Fernão Dias e a divisa com São Paulo facilita a logística dos criminosos, que aproveitam a extensa malha rodoviária para planejar fugas rápidas. Especialistas em segurança pública, como o professor Roberto Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais, apontam que o aumento desses ataques está ligado à redução de agências bancárias nas grandes cidades, o que desloca o interesse das quadrilhas para o interior. “Esses grupos buscam alvos com menor resistência policial e maior facilidade de escape”, explica Almeida, destacando a necessidade de investimentos em inteligência e policiamento ostensivo.
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Fuga dos Criminosos e Operação Policial
Após o ataque aos bancos de Guaxupé, os criminosos fugiram em alta velocidade, abandonando dois veículos incendiados nos arredores da cidade – um na saída para Guaranésia e outro próximo ao bairro Jardim Recreio. A Polícia Militar acredita que o grupo se dividiu em dois comboios: um seguindo pela BR-146 em direção ao norte e outro rumo ao sul, possivelmente para a região de São Sebastião do Paraíso. Até as 7h desta terça-feira, um suspeito havia sido detido na zona rural de Guaxupé, ferido por disparos durante a troca de tiros com a PM. Ele foi levado sob custódia ao hospital e está sob interrogatório.
A operação de busca mobiliza helicópteros da PM e apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que reforçou os bloqueios nas rodovias próximas, como a BR-491 e a MG-050. Testemunhas relataram que os assaltantes usavam coletes à prova de balas e máscaras, indicando um alto grau de preparo. “Estamos lidando com uma organização criminosa bem estruturada, que planejou cada etapa dessa ação”, afirmou o tenente-coronel Marcos Almeida, comandante da 18ª Região de Polícia Militar, em entrevista à imprensa local às 6h30. A suspeita é de que o grupo tenha entre 12 e 20 integrantes, alguns possivelmente vindos de outros estados, como São Paulo ou Paraná.
Como a População Pode se Proteger em Casos Semelhantes
Eventos como o ataque em Guaxupé levantam preocupações sobre a segurança em cidades do interior. Para os moradores, algumas medidas práticas podem minimizar riscos durante ações do novo cangaço. Primeiramente, ao ouvir disparos ou explosões, é essencial buscar abrigo em casa ou em um local seguro, evitando janelas e áreas expostas. Além disso, manter contato com vizinhos por meio de grupos de mensagens pode ajudar a compartilhar informações confiáveis em tempo real, desde que sejam evitadas notícias falsas.
Outra dica importante é seguir as orientações das autoridades, como as emitidas pela prefeitura de Guaxupé nesta manhã. Evitar circular pelas ruas durante ou logo após o incidente reduz a chance de se tornar alvo acidental ou de se deparar com bloqueios perigosos, como os miguelitos espalhados pelos criminosos. Para os comerciantes locais, especialmente aqueles próximos a agências bancárias, instalar câmeras de segurança de alta resolução e sistemas de alarme pode fornecer evidências valiosas às investigações policiais, além de desencorajar ações oportunistas.
Perspectivas para a Segurança Pública
O ataque em Guaxupé reacende o debate sobre a necessidade de reforçar a segurança em cidades interioranas. Nos últimos anos, o governo de Minas Gerais investiu em treinamentos para a PM na região Sul do estado, o que permitiu a interrupção de diversos ataques semelhantes. Em 2024, por exemplo, uma operação em Poços de Caldas desmantelou uma quadrilha que planejava explodir caixas eletrônicos, resultando na prisão de oito suspeitos. Contudo, o caso de Guaxupé mostra que os criminosos continuam aprimorando suas táticas, exigindo uma resposta igualmente sofisticada das autoridades.
Entre as medidas sugeridas por especialistas estão o aumento do uso de drones e tecnologias de rastreamento para monitorar áreas vulneráveis, além da criação de unidades especializadas em crimes do novo cangaço nas regiões mais afetadas. A integração entre as polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal também é vista como essencial para fechar o cerco a esses grupos, que frequentemente cruzam divisas estaduais em suas rotas de fuga. Enquanto isso, a população de Guaxupé aguarda os desdobramentos da investigação, na esperança de que a normalidade seja restaurada o quanto antes.
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A invasão de Guaxupé por criminosos armados na madrugada de 8 de abril de 2025 expôs, mais uma vez, os desafios enfrentados pelas cidades do interior diante do avanço do novo cangaço. Com a explosão de uma agência bancária e disparos contra a Polícia Militar, o ataque não apenas abalou a tranquilidade local, mas também destacou a necessidade de estratégias mais robustas de segurança pública. Enquanto as autoridades intensificam as buscas pelos responsáveis, os moradores tentam retomar a rotina, marcados pela memória de uma noite de violência que ecoará por muito tempo.
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