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Branqueamento Recorde de Corais na Austrália | Crise Ambiental

Corais da Austrália sofrem branqueamento recorde em 2025, aponta ONG, com mudanças climáticas ameaçando ecossistemas marinhos.

Categoria: Meio Ambiente

Corais da Austrália sofrem branqueamento recorde em 2025, aponta ONG, com mudanças climáticas ameaçando ecossistemas marinhos.

Escala do Branqueamento na Grande Barreira de Corais

Em março de 2025, a costa oeste da Austrália enfrenta um dos piores episódios de branqueamento de corais já registrados, conforme relatório divulgado nesta quarta-feira, 26 de março, por uma organização não governamental especializada em conservação marinha. A onda de calor extremo que atingiu a região desde o início do verão austral desencadeou a perda de cor em vastas extensões de recifes, incluindo áreas antes consideradas resilientes. Esse fenômeno, impulsionado pelo aumento das temperaturas oceânicas, afeta diretamente a Grande Barreira de Corais, o maior ecossistema coralino do planeta, com mais de 2.300 quilômetros de extensão.

corais morrendo na australia 2026 2
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A ONG responsável pelo estudo, em parceria com cientistas locais, realizou levantamentos aéreos e subaquáticos que indicam danos em cerca de 80% dos corais acropora, uma espécie particularmente vulnerável, ao redor da Ilha do Lagarto, no nordeste australiano. O branqueamento, que ocorre quando os corais expulsam as algas simbióticas zooxantelas devido ao estresse térmico, deixou os recifes com uma aparência fantasmagórica, evidenciando a gravidade da crise ambiental em curso.

Causas do Fenômeno em 2025

O verão de 2024-2025 na Austrália foi classificado como o segundo mais quente já registrado na região, conforme dados da Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais. As temperaturas oceânicas, que chegaram a picos de 2°C acima da média histórica, são apontadas como o principal fator por trás do branquamento recorde na Austrália. Especialistas destacam que a mudança climática, agravada pela emissão contínua de gases de efeito estufa, intensifica esses eventos, tornando-os mais frequentes e severos.

Além disso, o relatório da ONG menciona que os impactos acumulados neste verão superam os de anos anteriores, como os episódios de branqueamento em massa registrados em 2016, 2017, 2020 e 2022. Anne Hoggett, bióloga marinha com 33 anos de experiência na Ilha do Lagarto, relatou à imprensa que, se na década de 1990 o branqueamento ocorria a cada dez anos, agora é um evento anual. “Estamos diante de um colapso progressivo dos recifes”, alertou, enfatizando a rapidez com que os ecossistemas estão sendo afetados.

Impactos na Biodiversidade Marinha

A Grande Barreira de Corais, lar de mais de 600 tip

corais morrendo na australia
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os de corais e 1.625 espécies de peixes, sofre perdas irreparáveis com o branqueamento em massa. Esses recifes sustentam uma biodiversidade única, funcionando como berçários para espécies marinhas e barreiras naturais contra tempestades. Quando os corais morrem, após longos períodos sem as zooxantelas, o equilíbrio ecológico é rompido, afetando desde peixes ornamentais até grandes predadores, como tubarões e tartarugas marinhas.

 

Richard Leck, da divisão de oceanos da WWF Austrália, apontou que o branqueamento atual atingiu áreas antes poupadas, como recifes ao sul da barreira, em uma extensão sem precedentes. “Estamos perdendo habitats que pareciam imunes”, afirmou ele em entrevista recente, destacando que a mortalidade dos corais só será plenamente avaliada nos próximos meses, mas os sinais iniciais são alarmantes.

Resposta do Governo Australiano

O governo Austráliano, sob pressão internacional, já investiu cerca de 5 bilhões de dólares australianos (aproximadamente R$ 16 bilhões) em programas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na Grande Barreira. Entre as medidas estão iniciativas para melhorar a qualidade da água, reduzir a poluição por escoamento agrícola e proteger espécies ameaçadas. Contudo, críticos argumentam que essas ações são insuficientes diante da dependência do país da exportação de combustíveis fósseis, como carvão e gás, que contribuem diretamente para o aquecimento global.

Roger Beeden, cientista-chefe da Autoridade do Parque Marinho, reconheceu que as mudanças climáticas representam o maior desafio para a preservação dos corais em escala global. “A resiliência da Grande Barreira foi testada repetidamente, mas este verão mostrou que estamos no limite do que ela pode suportar”, declarou ele, reforçando a necessidade de ações mais ambiciosas para conter o aumento das temperaturas.

Consequências Econômicas e Sociais

O branqueamento recorde não ameaça apenas o meio ambiente, mas também a economia local. A Grande Barreira de Corais gera cerca de 6,4 bilhões de dólares australianos anualmente (R$ 20 bilhões) por meio do turismo e da pesca, empregando mais de 64 mil pessoas. Com os recifes em declínio, cidades costeiras como Cairns e Townsville enfrentam a perspectiva de perdas econômicas significativas, enquanto comunidades indígenas, que dependem dos ecossistemas marinhos para sua subsistência, veem suas tradições culturais ameaçadas.

Além disso, a destruição dos corais compromete a proteção natural contra a erosão costeira e tempestades tropicais, um serviço ecossistêmico avaliado em bilhões de dólares. À medida que os recifes se transformam em “cemitérios subaquáticos”, como descreveu Hoggett, os impactos se estendem para além da Austrália, afetando cadeias globais de biodiversidade e segurança alimentar.

Comparação com Eventos Anteriores

Este não é o primeiro alerta sobre o destino da Grande Barreira de Corais. Desde 1998, cinco grandes episódios de branqueamento em massa foram registrados, cada um mais devastador que o anterior. O evento de 2025, porém, é descrito como o mais grave devido à sua abrangência e intensidade. Enquanto em 2016 cerca de 30% dos corais morreram, as estimativas iniciais para este ano sugerem que o dano pode ultrapassar esse índice, especialmente em áreas como a Ilha do Lagarto, onde 80% dos corais acropora já estão comprometidos.

Especialistas observam que a frequência crescente dos eventos – de uma vez por década para anualmente – reflete um planeta em aquecimento acelerado. “O que antes era um fenômeno esporádico agora é rotina”, lamentou Leck, da WWF, apontando que a janela para recuperação dos corais entre os episódios está se fechando rapidamente.

Perspectivas de Recuperação

Embora o branqueamento seja reversível caso as temperaturas retornem ao normal em poucas semanas, a persistência do calor extremo torna essa possibilidade improvável para muitos recifes em 2025. Cientistas ainda não sabem quantos corais sobreviverão, mas Hoggett enfatizou que “os danos acumulados podem ser irreversíveis em algumas áreas”. Projetos de restauração, como o cultivo de corais em viveiros e seu replantio, estão em andamento, mas operam em escala limitada diante da magnitude do problema.

A longo prazo, a sobrevivência da Grande Barreira de Corais depende de uma redução drástica nas emissões globais de carbono. Sem isso, prevê-se que até 70% dos recifes tropicais do mundo possam desaparecer nas próximas décadas, segundo estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Para a Austrália, isso significa equilibrar sua economia baseada em combustíveis fósseis com compromissos ambientais mais rigorosos.

O Papel da Comunidade Internacional

A crise na Grande Barreira de Corais reacende o debate sobre a responsabilidade global na luta contra as mudanças climáticas. Ambientalistas pressionam por metas mais ambiciosas na COP30, prevista para o final de 2025 no Brasil, onde a proteção dos ecossistemas marinhos será um tema central. A UNESCO, que há anos avalia incluir a barreira na lista de patrimônios em perigo, pode intensificar suas recomendações após este evento.

Organizações como a WWF pedem que países industrializados, incluindo a Austrália, acelerem a transição para energias renováveis. “Cada fração de grau importa”, afirmou Leck, destacando que os corais são um indicador precoce do colapso ambiental que pode atingir outros ecossistemas se a ação climática não for priorizada.

Explore o Futuro em 2025

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O branqueamento recorde de corais na Austrália em 2025 é um grito de alerta da natureza, ecoando as consequências das mudanças climáticas em um dos ecossistemas mais valiosos do planeta. A Grande Barreira de Corais, outrora um símbolo de resiliência, agora enfrenta uma ameaça existencial, com cientistas e ambientalistas correndo contra o tempo para mitigar os danos. Enquanto o governo australiano e a comunidade internacional buscam soluções, o futuro dos recifes depende de ações coletivas que transcendam fronteiras. Por ora, a beleza submersa da barreira cede espaço a um silêncio esbranquiçado, mas a esperança de recuperação persiste, desde que o mundo esteja disposto a ouvir o chamado dos corais.

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