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Shows da Banda Ira Cancelados | Nasi e Polêmica com Sem Anistia

Atualizado em , por devm.

A banda Ira! teve shows cancelados no Sul do Brasil após Nasi criticar a anistia e enfrentar boicote de fãs, gerando debate sobre política e cultura.

Origem da Polêmica Envolvendo a Banda Ira!

A banda Ira!, ícone do rock brasileiro, viu-se no centro de uma controvérsia em março de 2025 que culminou no cancelamento Ira! de quatro apresentações previstas para maio no Sul do Brasil. Tudo começou em 29 de março, durante um show em Contagem, Minas Gerais, quando o vocalista Nasi, conhecido por sua postura direta, gritou “sem anistia” em referência aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. A declaração, que ecoou como um posicionamento contra a proposta de perdão aos acusados de vandalismo nos Três Poderes, foi recebida com vaias por parte do público presente, identificado como apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Nasi, em resposta às vaias, não recuou. Pelo contrário, intensificou o discurso, pedindo que os bolsonaristas deixassem o evento: “Por favor, vão embora! Não apareçam mais nos nossos shows, não comprem nossos discos”. O momento, capturado em vídeos que rapidamente circularam nas redes sociais, marcou o início de uma onda de reações que afetaria diretamente a agenda da banda. A produtora 3LM Entretenimento, responsável pela turnê “Acústico 20 Anos”, anunciou em 9 de abril o cancelamento dos shows em Jaraguá do Sul, Blumenau, Caxias do Sul e Pelotas, citando uma avalanche de pedidos de reembolso de ingressos e a desistência de patrocinadores como razões principais.

Repercussão e Posicionamento da Produtora

A decisão da produtora gerou controvérsia adicional. Em nota oficial divulgada no Instagram na quarta-feira, 9 de abril de 2025, a 3LM lamentou o cancelamento Ira!, mas incluiu uma crítica indireta ao vocalista: “Artistas deveriam subir ao palco apenas para apresentar suas músicas e talentos”. A declaração foi interpretada como uma tentativa de apaziguar o público descontente, mas acabou atraindo reações negativas de fãs leais da banda, que defenderam o direito de Nasi expressar suas opiniões. “O Ira! sempre foi sobre atitude, desde os anos 80. Quem não entende isso nunca entendeu o rock”, escreveu um seguidor no perfil oficial da banda.

A produtora destacou que o boicote veio acompanhado de uma campanha nas redes sociais, onde internautas incentivaram o não comparecimento aos shows e pressionaram patrocinadores a se retirarem. Dados informais indicam que, nas 48 horas seguintes ao incidente em Contagem, mais de 30% dos ingressos vendidos para as apresentações no Sul foram devolvidos, um número que inviabilizou a realização dos eventos. Apesar disso, a banda Ira! não emitiu um comunicado oficial sobre os cancelamentos até o fechamento desta matéria, às 21h de 9 de abril, mantendo silêncio em suas plataformas digitais.

O Papel de Nasi na Polêmica

O vocalista Nasi, figura central do Ira! desde sua fundação em 1981, nunca hesitou em expor suas convicções, uma característica que remete às raízes punk da banda. Durante o show em Contagem, sua fala contra a anistia foi um reflexo dessa postura combativa. Ele não apenas defendeu a punição aos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro, mas também fez questão de demarcar um território ideológico, rejeitando a presença de quem discordasse de sua visão. “Tem gente que acompanha o Ira!, mas nunca entendeu o Ira!”, afirmou ao microfone, em meio às vaias, reforçando sua posição.

A atitude de Nasi dividiu opiniões. Enquanto alguns fãs aplaudiram sua coragem, outros, especialmente apoiadores de Bolsonaro, sentiram-se desrespeitados, acusando o cantor de misturar política com entretenimento. O incidente reacendeu o debate sobre o papel dos artistas em manifestações políticas, uma discussão que ganhou força no Brasil desde as eleições de 2018. Para muitos, a reação do vocalista foi coerente com a história da banda, conhecida por letras que abordam temas sociais e comportamentais, como “Envelheço na Cidade” e “Flores em Você”. Para outros, however, representou uma ruptura com o público que esperava apenas música em troca do ingresso pago.

Contexto Político e o Debate sobre Anistia

A polêmica em torno da anistia não é um tema isolado ao universo da banda. Nos últimos meses, a proposta de perdoar os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 tem sido uma pauta central entre apoiadores de Jair Bolsonaro. Em 6 de abril, um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu cerca de 59.900 pessoas, segundo o Poder360, para pressionar o Congresso a votar o projeto de lei que prevê o perdão aos acusados de invadir e depredar as sedes dos Três Poderes. O grito “faz o L”, associado ao apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se um contraponto às manifestações pró-anistia, evidenciando a polarização política no país.

O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Gilmar Mendes, declarou em 8 de abril que a anistia “não faz sentido algum” e seria uma “consagração da impunidade” diante de um evento classificado como “extremamente grave”. A posição do judiciário contrasta com a pressão de deputados do PL, que tentam emplacar o requerimento de urgência do projeto na Câmara, sob resistência do presidente da casa, Hugo Motta. Esse embate político foi o pano de fundo para a declaração de Nasi, que ecoou o sentimento de setores contrários ao perdão e inflamou a reação de parte de seu público.

Histórico da Banda Ira! e Sua Relação com Polêmicas

A banda Ira!, formada em São Paulo por Nasi e Edgard Scandurra, surgiu no início dos anos 80 sob forte influência do punk e do pós-punk britânico. Com sucessos como “Núcleo Base” e “Tolices”, o grupo consolidou-se como um dos pilares do rock nacional, marcado por uma atitude contestadora que desafiava convenções. Não é a primeira vez que o Ira! se envolve em controvérsias. Em 2007, a banda anunciou uma pausa após desentendimentos internos, retornando em 2014 com uma formação renovada e foco em celebrar seu legado, como na turnê “Acústico 20 Anos”, agora afetada pelos cancelamentos.

Ao longo de sua trajetória, Nasi frequentemente assumiu posturas públicas contundentes. Em 2018, durante as eleições, ele já havia manifestado críticas ao então candidato Jair Bolsonaro, o que gerou debates entre fãs. A diferença, desta vez, foi a reação concreta do público, que transformou o descontentamento em boicote econômico. Para especialistas em cultura pop, como o crítico musical Pedro Antunes, “o Ira! sempre carregou um espírito rebelde, mas o Brasil de 2025 está mais polarizado, e isso amplifica qualquer posicionamento”. O incidente em Contagem reflete, portanto, tanto a identidade da banda quanto o momento histórico do país.

Impacto do Cancelamento nos Shows e na Carreira

O cancelamento Ira! de quatro shows no Sul do Brasil – Jaraguá do Sul (30 de abril), Blumenau (1º de maio), Caxias do Sul (2 de maio) e Pelotas (3 de maio) – representa um golpe significativo na turnê que celebra os 20 anos do álbum “Acústico MTV”, lançado em 2004. O projeto, que inclui clássicos como “O Girassol” e “Eu Quero Sempre Mais”, vinha recebendo boa receptividade desde seu início, em janeiro de 2025, com ingressos esgotados em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. A suspensão das datas no Sul, porém, levanta questões sobre o futuro da turnê e o impacto financeiro para a banda e a produtora.

A 3LM Entretenimento, com mais de 30 anos de mercado, enfatizou em sua nota que seu “principal patrimônio é o público” e que busca garantir uma experiência positiva para os espectadores. No entanto, a perda de patrocinadores, como empresas locais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que retiraram apoio após a polêmica, pode comprometer novos investimentos. Para a banda, o episódio pode alienar uma parcela de fãs, mas também reforçar sua base de apoiadores que valorizam sua autenticidade. “O Ira! não vai mudar quem é por causa de boicote”, afirmou um integrante da equipe de produção, sob anonimato, ao Metrópoles.

Reações do Público e da Crítica

A reação ao incidente foi polarizada, como era de se esperar em um Brasil dividido politicamente. Nas redes sociais, hashtags como #QuemLacraNãoLucra ganharam força entre críticos do posicionamento de Nasi, que celebraram o cancelamento como uma vitória do “poder do consumidor”. “Banda que mistura política com show merece ficar sem público”, escreveu um usuário no X. Em contrapartida, apoiadores da banda, incluindo figuras como o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), elogiaram a coerência de Nasi: “Rock é resistência. Sem anistia para golpistas!”.

A crítica musical também se dividiu. Para o site Tenho Mais Discos Que Amigos, o comunicado da produtora foi “lamentável” por sugerir que artistas devem se limitar à performance, ignorando a tradição de engajamento político no rock. Já o jornal O Globo destacou que o boicote reflete um “efeito colateral da polarização”, onde até o entretenimento se torna um campo de batalha ideológica. O episódio, segundo analistas, expõe os riscos de artistas tomarem partido em um momento de alta sensibilidade política.

Lições para Artistas e Produtoras

O caso do Ira! oferece lições valiosas para o meio artístico. Primeiramente, demonstra que o público, em tempos de redes sociais, tem poder significativo para influenciar eventos culturais por meio de boicotes e pressão econômica. Artistas que optam por manifestações políticas devem estar preparados para reações intensas, tanto positivas quanto negativas. Para Nasi e o Ira!, a escolha de manter sua postura pode solidificar sua identidade, mas ao custo de perder parte do alcance comercial.

Para produtoras, o incidente sugere a necessidade de prever riscos associados a posicionamentos de artistas contratados. “É um equilíbrio delicado: respeitar a liberdade de expressão e garantir a viabilidade dos eventos”, explica Mariana Lopes, produtora cultural com 15 anos de experiência. Uma estratégia pode ser dialogar com o público antes dos shows, esclarecendo expectativas, ou diversificar o portfólio de patrocinadores para mitigar perdas. Além disso, investir em comunicação transparente, como a nota da 3LM, ajuda a manter a confiança dos espectadores, mesmo em crises.

Perspectivas para o Futuro do Ira!

O futuro da turnê “Acústico 20 Anos” permanece incerto após os cancelamentos. A banda tem apresentações agendadas para maio e junho em cidades como Recife, Salvador e Curitiba, onde a recepção ao posicionamento de Nasi pode variar. Analistas acreditam que o Ira! pode optar por focar em mercados onde sua base de fãs é mais alinhada ideologicamente, como capitais do Nordeste, ou buscar parcerias com eventos culturais que valorizem o engajamento político, como festivais independentes.

 

Outra possibilidade é uma resposta artística ao episódio. Edgard Scandurra, guitarrista e cofundador, é conhecido por sua versatilidade criativa, e a banda poderia canalizar a experiência em novas composições ou em um pronunciamento oficial que reafirme sua trajetória. “O Ira! já passou por separações e retornos. Isso é só mais um capítulo”, avalia o jornalista musical Regis Tadeu. Enquanto isso, o impacto financeiro e emocional dos cancelamentos será um teste de resiliência para um grupo que, há mais de 40 anos, navega entre o sucesso e as controvérsias.

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A trajetória da banda Ira! em 2025 reflete os desafios de um país onde cultura e política se entrelaçam de forma cada vez mais intensa. O cancelamento de shows no Sul, impulsionado pela rejeição de Nasi à anistia e pelo boicote de parte do público, evidencia como a polarização pode alcançar até os palcos. Enquanto o vocalista mantém sua postura firme, alinhada à história contestadora do grupo, o episódio deixa marcas na turnê comemorativa e levanta reflexões sobre o papel do artista na sociedade contemporânea. Entre vaias e aplausos, o Ira! segue como símbolo de uma era que não se cala, mesmo sob o peso das consequências.

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